Retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro

, 1912

Columbano Bordalo Pinheiro

Óleo sobre tela

150 × 130 cm
assinado e datado
Inv. 627
Historial
Doação de Emília Bordalo Pinheiro, viúva do artista, em 1930.

Exposições
Paris, 1913; Lisboa, 1922, 26; Paris, 1931, 60; Lisboa, 1932; Lisboa, 1957, 75; Lisboa, 1980, 59, cor; Paris, 1987, 201, p.b.; Lisboa, 1988, 201 p.b.; Queluz, 1989, 43; Lisboa, 1994, 67.

Bibliografia
MENDES, 1943, 56, p.b.; MACEDO, 1952, XCII, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. I; LUCENA, 1957, 24; Columbano, 1980, 51, cor; FRANÇA, 1981, 74; Malhoa e Columbano, 1987, 46, cor; FRANÇA e COSTA, 1988, 233, p.b.; LAPA, 1994, 122.
O retrato e a natureza morta, dois géneros tradicionais cultivados assiduamente por Columbano, constituem esta pintura. O esboço geral da cena contorna com plena mestria certos pormenores que se revelam apenas indicados, não representados; tal é o caso dos sapatos da retratada e os pés do mobiliário circundante. Uma vontade de aclarar a paleta é notória, bem como de introduzir cor numa obra que geralmente dela prescinde. O vermelho da sombrinha e o branco sobre o branco do vestido constituem um dos momentos mais modernos na pintura de Columbano, embora o vermelho seja ligeiramente transportado para o branco de modo a atenuar o forte contraste criado pela relação entre ambos. O vestido, apontado sinteticamente por pinceladas largas, prescinde de efeitos de simulação dos cambiantes do tecido para se constituir como ampla mancha de cor no esquema global da composição, tal como acontece com a extremidade do chapéu. Os brilhos da natureza morta são dados por pinceladas com presença. O esboçado geral elimina a separação entre o chão e a parede abandonando assim o ilusionismo da tridimensionalidade do espaço envolvente. Um expressivo esfregaço presentifica a pintura como prazer de trabalho da superfície da tela onde se inscrevem as imagens.

Pedro Lapa