Retrato de Catraio e Mariana, conhecido por "Os pretos de Serpa Pinto"

, c. 1879

Miguel Ângelo Lupi

Óleo sobre tela

128 × 91 cm
Inv. 788
Historial
Em 1898 pertencia a Adelaide Lupi, sobrinha do autor. Exibido pela primeira vez na exposição póstuma de Lupi, em 1883, com indicação no catálogo: “Por concluir”.  Adquirido pelo Estado em 1935.

Exposições
Lisboa, 1883, 89; Lisboa, 1898, 297; Paris, 1931, 43; Lisboa, 1932; Lisboa, 1945; Luanda, Lourenço Marques, 1948, 17; Lisboa, 1983, 11 p.b.; Porto, 1999, 55, cor; Lisboa, 2002, 214, cor; Lisboa, 2005.

Bibliografia
Catalogo das obras de Miguel Ângelo Lupi expostas na Escola de Bellas-Artes de Lisboa, 1883, 19; CHAGAS, 1883, 79; Porto, 1943, 70; MACEDO, 1945, 8, p.b.; LACERDA, 1946, 380 – 381, p.b.; MACEDO, 1947, 23, p.b.; Exposição de Arte Portuguesa, 1948, 18, p.b.; Porto, 1948, 92, p.b.; LAMAS, 1948, 112 – 13, p.b.; MACEDO, 1952, 19; Panorama, 1954, cor; PAMPLONA, 1954, vol. II; Lisboa, 1961, XXXII, cor; Lisboa, 1965, c, cor; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 215; Miguel Ângelo Lupi: Evocação no  Centenário da sua morte nas colecções do MNAC, 1983, capa, cor; RIO-CARVALHO, Lisboa, 1986, 38; Munda: Revista do Grupo de Arqueologia, 1988, capa, cor; MARÍN, 1989, p.b.; LAPA, 1994, 16, cor; PEREIRA, 1995, 332; Porto, 1999, 215, cor; Lisboa, 1999, 216, cor; SILVEIRA, TAVARES, GINGA, 2002, 229, cor.

Excelente exemplar de uma atenção ao pitoresco que não fascinou Lupi, a avaliar pela quantidade de pinturas que realizou dentro do género, mas que aqui tem a particularidade de apresentar dois jovens angolanos, conhecidos por Catraio e Mariana, contratados por Serpa Pinto para o acompanharem na sua viagem de expedição científica à África Central, em 1879. Desempenharam um papel fundamental na concretização desta exploração geográfica, ao evidenciarem importantes cumplicidades, descritas no diário de Serpa Pinto, "Como atravessei África", publicado em 1881. O retrato, provavelmente encomendado por Serpa Pinto, encontrava-se no atelier do autor, em 1883, quando morreu.

 

Um certo conflito está presente entre o fundo abstracto, esboçado, de cor neutra, executado dentro dos parâmetros académicos e o colorido dos trajes, vibrante e prenunciador de uma paleta de ar livre que Lupi viu em Paris e admirou. 
O facto de esta pintura estar inacabada torna-a reveladora do procedimento técnico do pintor. Assim, sobre um fundo neutro, a tinta é colocada por camadas esponjadas e espessas, com uma cor por vezes pura que estabelece contrastes complementares, definindo as zonas luminosas e deixando as áreas sombrias e penumbrosas mais informes e tonais. A aprendizagem clássica com a pintura da escola veneziana e especificamente com a de Ticiano, terá sido capital para Lupi.

Pedro Lapa  e  Maria de Aires Silveira