A sesta

, 1939

José de Almada Negreiros

Carvão sobre papel

68 × 100 cm
assinado e datado
Inv. 986
Historial
Adquirido pelo Estado em 1941.

Exposições
Lisboa, 1941, 76; Lisboa, 1942, 13; Rio de Janeiro, 1942, 29; Lisboa, 1949, s.n.º, p.b.; São Paulo, 1971, 14; Londres, 1978, 3, p.b.; Lisboa, 1980; Lisboa, 1982, 73, p.b.; Madrid, 1983, 43, p.b.; Barcelona, 1984, 32; Lisboa, 1984, 78, p.b.; León, 1984, 29; Lisboa, 1993, 169, p.b.; Tóquio, 1999, 134, cor; Castelo Branco, 2001, 85, cor; Lisboa, 2002; Lisboa, 2005; Lisboa, 2006; Salamanca, 2007, 93, cor; Madrid, 2007, 93, cor; Badajoz, 2007–2008, 93, cor; Lisboa, 2009.

Bibliografia
Almada: Trinta Anos de Desenho (…), 1941, 76; Alguns Desenhos de Artistas Portugueses, 1942, 13 e 29; AMADO, 1943, 42, p.b.; Arte Moderna Portuguesa através dos Prémios (…), 1949, s.n.º, p.b.; Algumas Obras do Museu (…), 1956, s.n.º, p.b.; Almada e as Origens do Modernismo Português (…), 1971, 14; FRANÇA, 1974, 317, p.b.; Portuguese art since 1910, 1978, 3, p.b.; AZEVEDO, 1982, 73, p.b.; Almada Negreiros, 1983, 43, p.b.; FRANÇA, 1983, 339, p.b.; Almada, 1984, 78, p.b.; Almada Negreiros, 1984, 29; Almada Negreiros, 1984, 32; Almada: a Cena do Corpo, 1993, 169, p.b.; SILVA (et al.), 1994, 159, cor; Esplendores de Portugal (…), 1999, 134, cor; SANTOS, 2001, 85, cor; SILVA, 1999, 100, p.b.; VIEIRA, 2001, 111, cor; ÁVILA, 2007, 93, cor; PINHARANDA, 2009, 72-73, cor.
Na tranquilidade deste desenho há uma volúpia e um sensualismo da forma que remontam a uma tradição neoclássica, tendo em Picasso e Ingres referências capitais. Subtis  deformações anatómicas, provocando alongamentos e distorções, são analisadas à luz do Cubismo e emprestam um langoroso dinamismo ao desenvolvimento espacial do desenho. Permitem ainda criar sinuosos pormenores de conotações erotizadas, como sejam, alguns sombreados no corpo da rapariga ou a configuração dos seios adivinhados. A distribuição dos dedos do rapaz ao redor do rosto e da cabeça enfatiza o repouso. O modelado das figuras é lento e ondulante dado por um claro-escuro continuamente ritmado graças a uma luz rasante, por confronto com a respectiva sombra no chão e na testa, uma claridade inesperada que evoca a de um negativo. As linhas no chão envolvem-se num emaranhado sobreposto à mancha de carvão, no sombreado das figuras, e sobrepõem-se. Nesta composição cruzada os corpos são interrompidos pelos limites do desenho, aspecto que não é frequente na obra do artista e que desperta uma maior atenção no tratamento do pormenor.

Pedro Lapa