Vista da Amora, paisagem com figuras

, c. 1852

Tomás da Anunciação

Óleo sobre tela

67,5 × 88,5 cm
Inv. 79
Historial
Prova de concurso para professor substituto da cadeira de Pintura de Paisagem, Animais e Produtos Naturais em 1852. Integrado no MNAC em 1912.

Exposições
Lisboa, 1868, 49; Lisboa, 1913, 79; Lisboa, 1947; Lisboa, 1950; Lisboa, 2002; Lisboa, 2005.

Bibliografia
Pintura portuguesa no MNAC (...), 1927, 1, cor; MACEDO, 1951, 16; MACEDO, 1961, X, p.b.; Um século de pintura e escultura portuguesas, 1965, a, cor; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa,1973, vol. 3, 41, cor; História da Arte em Portugal: Neoclassicismo e Romantismo, vol. 10, 1986, 151, cor; SILVA, 1995, 330.


Esta equilibrada composição foi apresentada como prova de concurso de paisagem para professor substituto da Academia de Belas-Artes, em 1852. A serenidade transmitida é conseguida através do rigor do desenho e de uma articulação certa dos elementos que a constituem, de modo a compor um momento algo cenográfico.
Apesar de se tratar de uma tela de juventude, apresenta alguma liberdade no tratamento formal, em que os elementos referenciais da poética de Anunciação estão presentes: paisagem recolhida “ao natural”, costumes do país e animalismo. O seu ordenamento representa bem o romantismo português, envolto numa ruralidade bucólica, em que a artificiosidade da luz e a amplitude da composição enaltecem e intemporalizam a cena. O suporte teórico e literário desta pintura encontra referência em Almeida Garrett, também ele estética e ideologicamente empenhado na valorização de motivos populares. O seu carácter naturalista e sentimental deixa antever uma nova pintura portuguesa, explorada na geração seguinte por Silva Porto.

Maria Aires Silveira