Engomadeiras

, 1915

Carlos Reis

Óleo sobre tela

178 × 120 cm
assinado e datado
Inv. 236
Historial
Adquirido pelo Estado em 1915.

Exposições
Lisboa, 1915, 271; Lisboa, 1942, 43; Lisboa, 1945; Lisboa, 1963, 40; Queluz, 1989 – 1990, 72; Torres Novas, 1993 – 1994, 18; Tóquio, 1999, 92, cor; Lisboa, 2005, 320; Istambul, 2009, 24.

Bibliografia
SAMPAIO, 1931, p.b.; Portugal: a Arte, os Monumentos, a Paisagem, os Costumes, as Curiosidades/Lisboa: Museu de Arte Contemporânea, 1936, 12, p.b.; BRAGANÇA, c. 1936, 11; GONÇALVES e LOPES, 1942, p.b.; PAMPLONA, 1943, 164; MACEDO, 1947, 18, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; Homenagem a Carlos Reis: Fundador e 1º Director do Museu, 1963, 24, p.b.; PAMPLONA, 1964, 28; Um Século de Pintura e Escultura Portuguesas, 1965, 37, p.b.; CASTRO, 1967, 9, p.b.; FRANÇA e CHICÓ, 1973, 336; MATIAS, 1986, 107; Torrejanos de Vulto, 1993; COSTA, 1994, 29; SILVEIRA, 1994, 191, cor; Esplendores de Portugal: Cinco Séculos de Arte, 1450 – 1950, 1999, 138, cor; Diferença e Conflito: O Século XX nas Colecções do Museu do Chiado (Programa), 2002, cor; TAVARES, 2005, 39;. Lisboa, memórias de outra cidade, 2009, 88, cor.
Consagrado paisagista de ar livre e cronista empenhado de costumes rurais portugueses, Carlos Reis realizou uma carreira paralela de retratista que por vezes se confunde com uma pintura de género de temática preferencialmente feminina. Nesta tela, adivinha-se a elegância da proprietária da peça de roupa. O tecido, provavelmente organza, habilmente tratado, é colocado nas mãos da engomadeira, personagem humilde, e subtilmente conjuga as duas esferas sociais.
Carlos Reis capta um momento real, questionando os limites do retrato visualizado e imaginado. Do primeiro poderemos falar se, pela aproximação do registo, especialmente de uma das raparigas (a outra esconde-se na penumbra) observarmos a sinceridade do sorriso e a jovialidade que alivia a dureza da tarefa. Do imaginado, adivinha-se o requinte citadino da mandatária da fina peça de organza, apresentada em transparências escorrentes de brancos. Refira-se a observação do real através do ‘instantâneo fotográfico’ quando, num enquadramento próximo da cena, o artista ‘reflecte’ a sua veracidade, permitindo a passagem da situação anedótica ao motivo artístico. Mas registe-se sobretudo o fulgor levíssimo dos brancos como exercício empenhado de uma mestria académica que ninguém, na sua geração de um naturalismo tardio, soube igualar e que aqui se funde com a memória de um ‘simbolismo verista’, sobretudo no perfil e na postura alongada da engomadeira, que poderá conotar uma influência de Sorolla, de quem Carlos Reis foi amigo.

Maria Aires Silveira
 

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