Milheiral

, c. 1889

Carlos Reis

Óleo sobre tela

130 × 200 cm
assinado
Inv. 34
Historial
Carlos Reis terá realizado esta paisagem estremenha como prova de concurso para obtenção da bolsa oficial de pensionista do Estado em Paris (c. 1889). Este grande quadro deu entrada no MNAC, na direcção de Carlos Reis (1911 – 14), em substituição do quadro Manhã em Clamart, perdido em 1901 no naufrágio do vapor Saint-André, que transportava parte das obras de arte expostas na Exposição Universal de Paris, 1900. Integrado no MNAC em 1911.

Exposições
Lisboa, 1908, 13; Lisboa, 1913, 34; Lisboa, 1942, 46; Lisboa, 1945; Lisboa, 1963, 43; Paris, 1987, 22, cor e p.b.; Lisboa, 1988, 222, cor e p.b.; Torres Novas, 1993, 26; Lisboa, 2000, 181, cor.

Bibliografia
GONÇALVES e LOPES, 1942, 41; MACEDO, 1947, 11, p.b.; ; PAMPLONA, 1954, vol. III; MNAC, 1963, 26, p.b.; PAMPLONA, 1964, 28; FRANÇA, 1967, vol. II, 220; RIO-CARVALHO, 1986, 107; FRANÇA e COSTA, 1988, 260, cor; COSTA, 1994, 28; SILVA, 1994, 190, cor; PEREIRA, 1995; FRANÇA, 1999, 24, cor; FIGUEIREDO, 2000, 491, cor; RODRIGUES, 2000, 192, cor.
Ao longo de prestigiada carreira, Carlos Reis sempre exercitou o gosto pela cor, estudada na multiplicidade de situações lumínicas ‘naturais, reactualizando a estética ar-livre como matriz inesgotável da prática pictórica.
Nos melhores casos, como aqui acontece, Carlos Reis empenha-se, sem compromissos de registos de género, num confronto plástico com a extrema variabilidade dos referentes no espaço restrito da tela. Daí os sucessivos empenhos: primeiro, simular, através de um lento desenrolar ascensional da composição, a infinitude da paisagem cujo ‘longe’ toca uma ampla linha de horizonte onde toda a descrição se esbate; depois, o de deter a diversidade lumínica entre os dourados quentes do primeiro plano, esfriados sensivelmente pelos laivos de verde, e a progressiva opacidade translúcida dos fundos onde a atmosfera pesa, quase materialmente; finalmente, a simulação hábil de um registo espontâneo, ‘fotográfico’, como se o trabalho da pintura não existisse ou, melhor, como se o pintor fosse dotado da capacidade mágica de criar, num avatar tardio mas sincero da teoria albertiana da pintura como uma ‘janela aberta’.

Raquel Henriques da Silva
 

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