A revolta das bonecas

, 1916

Eduardo Viana

Óleo sobre tela

114 × 132 cm
Inv. 1719
Historial
Doação da pintora Mily Possoz, em 1957.

Exposições
Lisboa, 1968, 31, cor; Lisboa, 1972, 72, p.b.; Lisboa, 1980; Bruxelas, 1986, 2, cor; Macau, 1986; Milão, 1986; Queluz, 1989, 118; Mons, 1991, 97, cor; Porto, 1992, 97, cor; Santiago de Compostela, 1993, 85, cor; Lisboa, 1997, 26, cor; Frankfurt, 1997, 26, cor; Castelo Branco, 2001, 18, cor; Lisboa, 2005; Lisboa, 2006; Moscovo, 2006, s.n.º, cor; Lisboa, 2009; Lisboa, 2010.

Bibliografia
Exposição Retrospectiva (…), 1968, 31, cor; FRANÇA, 1968, 7, p.b.; FRANÇA, 1969, s.n.º, cor; FERREIRA, 1972, 201; Sónia e Robert Delaunay em Portugal (…), 1972, 72, p.b.; FRANÇA, 1973, 423; FRANÇA, 1974, 140, p.b.; GONÇALVES, 1986; MNAC: Colecção de Pintura Portuguesa (…), 1989, 118; Eduardo Viana: ami des Delaunay (…), 1991, 97, cor; Eduardo Viana (1881-1967), 1992, 109, cor; Tradición, vangarda e modernidade (…), 1993, 85, cor; Museu do Chiado: Arte Portuguesa (1850-1950), 1994, 135, cor; «Do isolamento: arte portuguesa (…)», 1997, 40; HENRIQUES, 1997, 125, cor; SILVA, 1998, 11, cor; SANTOS, 2001, 18, cor, Arte Portuguesa Contemporânea, 2006, s.n.º, cor.



O Modernismo nas suas atitudes mais vanguardistas não foi nunca uma prática orientadora da pintura de Eduardo Viana. No entanto, o gosto pela experimentação, que o contacto com os Delaunay e Amadeo estimulou, viria a ter algumas concretizações nesta segunda década do século XX. A Revolta será o exemplo extremo e mais bem conseguido dessa fase em que os valores oitocentistas são globalmente ultrapassados. A sugestão de profundidade da pintura tradicional desaparece em virtude de uma consciente ocupação da superfície da tela, em que os círculos órficos funcionam mais como elementos da composição do que elementos dinâmicos de decomposição tímbrica da luz, embora a distribuição da cor privilegie os contrastes simultâneos numa assimilação empírica das teorias de Robert Delaunay que, com Sónia Terk, sua mulher, vivia por essa época em Vila do Conde conjuntamente com o artista. No sentido em que a obra de Delaunay sintetizava o entendimento formal da cor com a dimensão construtiva de Cézanne, e estes aspectos eram para Viana fulcrais, a influência daquele revelarse-á profícua para o artista, ainda que circunscrito a um entendimento estilístico. Se uma apetência abstracta perpassa o motivo, ela torna-se inconsequente e encontra nas bonecas um duplo do humano, preterido pelo Modernismo, que mais apropriadamente exprime a ambiguidade desta obra e os limites da proposta do artista.

Pedro Lapa
 

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