Pousada de ciganos

, 1923

Eduardo Viana

Óleo sobre tela

85 × 115 cm
assinado
Inv. 851
Historial
Adquirido pelo Estado em 1936.

Exposições
Lisboa, 1923, 8; Veneza, 1950, 21; S. Paulo, 1955, 238; Coimbra, 1958, 20; Guimarães, 1958, 20; Porto, 1959, 20; Lisboa, 1968, 100, p.b.; Londres, 1978; Lisboa, 1980; Queluz, 1989, 108; Mons, 1991, 53, cor; Porto, 1992, 53, cor; Castelo Branco, 2001, 73, cor; Lisboa, 2005; Lisboa, 2006.

Bibliografia
ABC, 1923, 4, p.b.; Exposição Eduardo Viana, 1923, 8; Contemporânea, 1923, 80-81, p.b.; SANTOS, 1923, 91; Um Século de Pintura e Escultura (…), 1949, 302, p.b.; III Bienal do Museu de Arte Moderna (…), 1955, 238; Portugal. Exposição de Pintura (…), 1955, 3; Exposição  Itinerante de Algumas Obras (…), 1958, 20; PERNES, 1964, 12, p.b.; Um Século de Pintura e Escultura Portuguesas, 1965, cor; Exposição Retrospectiva (…), 1968, 100, p.b.; SANTOS, 1968, 4 e 5; FRANÇA, 1973, 423; FRANÇA, 1974, 145, p.b.; TANNOCK, 1978, 137, p.b.; FRANÇA, 1984, 61; GONÇALVES, 1986, 12; GONÇALVES, 1986, 115, cor; Eduardo Viana: ami des Delaunay (…), 1991, 140, cor; Eduardo Viana (1881-1967), 1992, 152, cor; SILVA (et al.), 1994, 136, cor; SILVA , 1995, 382; «Do isolamento: arte portuguesa (…)», 1997, 45; FRANÇA, 1999, 61; SANTOS, 2001, 73, cor.
Pousada de ciganos será o exemplo maior de uma série sobre o casario de Olhão que Viana pintou durante os anos 20. Semelhantes séries havia realizado sobre o Porto. A eleição deste tema é sem dúvida significativa do entendimento e consequentes limites que o pintor teve do Cubismo; um referente que apresenta uma volumetria cúbica bem delineada sob um céu mediterrânico nele espelhado e representado de um modo pré-cubista. A lição cézanniana sente-se na procura construtiva de cada plano. A linha do horizonte, pendendo para a direita, acentua a obliquidade das outras linhas que ganham autonomia pictórica. Os planos cor de laranja, que na construção dos volumes são posteriores aos planos azuis, sobrepõem-se sensorialmente a estes contribuindo para o ritmo geral da composição. A presença de um branco intenso nas zonas mais iluminadas destes planos torna-se vibrátil e contribui para a sua autonomização enquanto puras superfícies. Assim, é dentro de uma lógica de sensações pictóricas, reenviando continuadamente para si mesmo e que ao referente consente apenas um resíduo sensorial de cor luxuriante, que esta pintura se aproxima do figural. A dimensão construtiva e o sensualismo de cor conjugam-se aqui de um modo intuitivo, mais conveniente a Viana do que dentro de uma teorização formal a que o artista, mais despreocupadamente que alguns anos antes, terá voltado costas. Todavia, se é na qualidade de ofício que reside esta poética, por oposição a uma vertente conceptual característica do Modernismo, é talvez na emergência deste aspecto, prometido pela paisagem, que surge um temor da sua desumanização abstracto-construtiva que repõe as figuras dos primeiros planos, apontadas sinteticamente, revelando um pitoresco que limita parcialmente o alcance descomprometido desta pintura.

Pedro Lapa
 

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