Hein Semke

Hamburgo , 1899 Lisboa , 1995

A sua dedicação à arte é tardia e só tem lugar após um período de juventude marcado por acontecimentos políticos que o levam primeiro para a frente russa na Ucrânia, França e Flandres durante a Grande Guerra e, depois, para a actividade anarco-sindicalista, que acabará com o seu encarceramento entre 1923–28. Uma amnistia geral liberta-o e, em 1929, parte para Lisboa, onde se estabelece definitivamente em 1932. Entretanto, iniciara a sua dedicação à arte, formando-se na Escola de Belas-Artes de Hamburgo, com Bossard e Wünsche, e na de Estugarda, com Habich, e aqui participa já na Exposição dos Independentes (1932). Estabelecido em Linda-a-Pastora (Lisboa), dedica-se à escultura. Claramente preocupado com a marcha histórica e social da época, adopta uma linguagem em que a influência de Barlach se liga a modos de representação de culturas clássicas e arcaicas, convertendo-se em via de introdução de preceitos expressionistas na escultura nacional. Inserido rapidamente no meio artístico da capital, participa em exposições importantes, como o Salão de Inverno (1932), Galeria UP e Clube Alemão (1933), Exposições de Arte Moderna (1934, 1937, 1944–49), Exposição de Artistas Modernos Independentes (1936), exposições Histórica da Ocupação no Século XX e 3 Pintores e 1 Escultor (1937). Em 1941, após integrar a equipa de decoradores do Pavilhão da Colonização da Exposição do Mundo Português, o Estado decreta a proibição de encomendar obras a artistas estrangeiros. Este facto irá dificultando progressivamente a sua dedicação à escultura e orientando a sua acção para a cerâmica, realizando importantes intervenções em edifícios públicos e privados, entre eles os murais para o Hotel Ritz (1958).

Maria Jesús Ávila