Retrato de R.O.

, 1933

Hein Semke

Terracota policromada

48,3 × 22,5 × 24 cm
Inv. 2586
Historial
Doação de Teresa Balté em 2006.

Exposições
Lisboa, 2005; Salamanca, 2007, 135, cor; Madrid, 2007, 135, cor; Badajoz, 2007, 135, cor; Lisboa, 2009.

Bibliografia
Hein Semke, Cerâmica, 1991, 21, p.b.; Hein Semke. O Livro da Árvore, 1995; Hein Semke Esculturas (...), 1997, 34; Hein Semke 1899-1995, 2005; ÁVILA, 2007, 134, 135, cor.
O retrato foi um dos géneros escolhidos por Semke para proceder à renovação da prática escultórica que, no contexto português, permanecia em grande parte ancorada em referências internacionais de finais do século XIX. A simplificação formal e compositiva será o caminho para a mesma e disso torna-se exemplo o retrato de Ruth Osenberg, mulher de Paul Osenberg, casal alemão instalado em Cascais, com quem o artista travou uma forte amizade à sua chegada a Lisboa. O rosto é moldado sumariamente, abstraindo pormenores e volumes, numa procura de traços essenciais que não só identificam o modelo como pretendem ser espelho da complexa psicologia que o sustenta. Daí a propositada frieza e a concentrada expressão que o modelado sintético, uma certa planificação, a hierática boca ou os olhos escavados favorecem. Daí também o esquema de composição adoptado, repetido noutras obras desta fase, em que a cabeça, cortada na base do longo pescoço, assenta no extremo de um soco irregular, sobressaindo e, assim, mostrando-se no limite do equilíbrio. Instabilidade que simboliza a complexidade de sentimentos que no mais íntimo das pessoas se degladiam. A suave velatura de cinzas e castanhos aporta-lhe uma certa ternura, mas não erradica a frieza que o anima, num jogo contraditório a que se alia a calidez da marca da moldagem que o barro transporta. Jogo que ganha em possibilidades numa das outras duas versões existentes desta peça, realizada em barro branco, vidrado numa rica oposição entre branco e manganês vidrado.

Maria Jesús Ávila
 

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