Mário Cesariny

Lisboa , 1923 Lisboa , 2006

Aluno da Escola de Artes Decorativas António Arroio (1936–1943), participa nos encontros do Café Hermínius e adere ao Neo-Realismo, de que se desliga em 1946. Estuda também música com Lopes Graça e posteriormente frequenta o primeiro ano do Curso da Arquitectura da ESBAL. Em 1947 visita Breton e participa na fundação do Grupo Surrealista de Lisboa, de que se afasta nos finais de 1948, para formar um novo grupo, Os Surrealistas. Com este participa, em 1949, na redacção do seu manifesto colectivo A Afixação Proibida, e promove as sessões de «O Surrealismo e o seu Público em 1949» e a I Exposição dos Surrealistas. A sua obra poética é uma das mais ricas e complexas contribuições para a história da poesia portuguesa contemporânea. Nas artes plásticas teve também um papel destacado como introdutor de novas técnicas e atitudes artísticas. A ele se deve, no Surrealismo português de pós-guerra, a primeira colagem surrealista, assim como um importante trabalho de experimentação matérica que, procurando pôr fim à ideia de arte, conforme as convenções estabelecidas, e ao estatuto do artista, rejeita qualquer preocupação técnica e formal. Todo o trabalho realizado entre 1946 e 1952 é presidido pelo automatismo e, na sua maior parte, utiliza suportes pobres, geralmente papel, por vezes colados posteriormente sobre tela. Neste percurso adquire uma importância fundamental a viagem realizada a Paris em 1947, onde teve oportunidade de contactar com os membros do grupo surrealista francês e visitar a exposição Le Surrealisme en 1947. Teve também um papel importante como defensor, impulsionador e cultivador de trabalhos colectivos. Desempenhou também um importante papel como promotor de exposições sobre Surrealismo em Portugal.

Maria Jesús Ávila