Alexandre O'Neill - A linguagem
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MNAC

entrada: Condições Gerais

Colecção José-Augusto França

1997-03-20
1997-06-29
Curadoria: Raquel Henriques da Silva

A Colecção José-Augusto França insere-se numa linha programática das exposições temporárias do Museu do Chiado que, com particular sucesso, tem posto à disposição do público acervos particulares, permitindo, temporariamente, enriquecer os sentidos da Colecção permanente. Depois do galerista - Manuel de Brito da 111,  em 1994 - e do político - Mário Soares, em 1996 - é a vez do historiador e crítico, não por programação prévia nem qualquer intenção hierárquica mas tão só porque o fruir das coisas adquire, às vezes, uma espécie de curiosa lógica autónoma.
Neste caso, o ponto de partida surgiu em conversa informal com Marie Thérèse Mandroux-França que, generosamente, pôs à disposição do Museu o seu meticuloso trabalho de catalogação das mais de duas centenas de peças que constituem a colecção. Depois, pensámos em datas de que José-Augusto França tanto gosta, e resolvemos, em conjunto, celebrar os seus 50 anos de actividade de crítico, completados, exactamente, em Dezembro de 1996. Com ligeiro atraso, a homenagem aqui está.
Como aconteceu com as outras exposições da mesma tipologia, foi necessário seleccionar, em função do espaço disponível e da pertinência expositiva pretendida. Fizémo-lo juntos, o Prof. José-Augusto França, o Dr. Rui Afonso Santos e eu própria, com algumas discussões amigáveis pelo meio, creio que bem resolvidas em proveito da mostra.
Quanto ao catálogo, que agora apresento, é necessário explicar os critérios utilizados. Em relação aos textos de entrada, convidámos Rui Mário Gonçalves que, de longa data, conhece a colecção, porque José-Augusto França, sempre pouco à vontade com homenagens, entendeu que não se justificavam mais colaborações. A sucessão de obras foi agrupada, por sugestão do Museu, em séries histórico-estilísticas que, creio, provam a espessura e sentido histórico da colecção. Mas para facilitar a consulta, existe, no final, um índice remissivo de todos os artistas representados. As várias secções dos "Artistas portugueses" são introduzidas por textos de Rui Afonso Santos e, cada uma das entradas de artistas, por fichas do próprio José-Augusto França que, com elas, evoca a História e recorda proveitosas histórias. A última secção, "Objectos electivos", foi ideia do próprio coleccionador, que a explica no respectivo texto de entrada, e pena é que os condicionamentos da realização do catálogo não permitam registar nele a montagem específica que lhes vai ser dada.
Na zona de documentação inserem-se, como marca histórica do percurso de França, a sua primeira crítica, publicada em 1946, e outra escolhida para "última" (de 1996), etapa provisória de contas certas, como o seu autor diria, que, evidentemente, já está ultrapassada. Vem depois a bibliografia por autores que, particularidade só possível com este coleccionador, resolvemos restringir à elaborada pelo próprio e, finalmente, a listagem das exposições em que as obras participaram, desenvolvendo as indicações abreviadas das próprias fichas.
O resultado final será apreciado pelo público mas para a equipa do Museu do Chiado este foi um trabalho aliciante em que pudemos confirmar a excepcional dedicação e capacidade de trabalho de José-Augusto França, mesmo para as tarefas mais penosas e mais humildes. Como sempre acontece em todas as obras cm que participa, ele é o principal autor, e o mais qualificado, deste catálogo. Mas para a sua realização contribuiu também o trabalho de fotografia de José Pessoa, a amizade do Dr. Jorge Resende do Departamento de Documentação e Pesquisa do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian e, naturalmente, o instituto Português de Museus que apoiou e promoveu esta exposição, delineada pelo saber e imaginação da Arq. Andreia Aires de Carvalho Gaivão. A todos agradeço a colaboração prestada.