Analisar as questões levantadas pela arte criada há trinta anos requer uma lucidez intelectual e cultural que confunde as cronologias. Há um ano, quando a Whitechapel começou a planear esta exposição, procurávamos fugir a uma abordagem arquetipicamente "histórica" bem como a qualquer tendência provincianamente britânica. Entretanto, exposições como a que teve lugar no Museum of Contemporary Art, em Los Angeles, a formidável Art and Actions de 1998, comprovou que a vontade extrema de pôr fim aos antigos trilhos da arte era tão forte no Japão, Brasil e Califórnia como em Viena, Nova York e Londres.
Também recentemente a Fundação de Serralves reapresentou a famosa exposição Alternativa Zero de 1977, e organizou a Po.Ex, que articulou a poesia experimental com outras atitudes das artes visuais, no curso da mesma década. Ambas possibilitaram a apreciação de uma atitude semelhante em Portugal e o interesse público, sobretudo junto de uma novo geração, foi notório. Na era pós-moderna e pós-estruturalista continuamos fascinados pelos limites, pela autoria e pela "realidade" da arte conceptual nesta década.
Depois de ter dado início ao trabalho e definido o título (adaptado da exposição determinante Live in Your Head: When Attitudes Become Form, de Harold Szeemann), Judith Nesbitt entregou o projecto a Andrea Tarsia, o novo comissário da Whitechapel que, desde a conclusão do seu MA, havia comissariado projectos e trabalhado no catálogo do Colecção Froelich para a Tate. A ele se juntou Clive Phillpot, o amigo de muitos destes artistas e a pessoa responsável por diversas das melhores bibliotecas do período - primeiro no Chelsea Art College, depois no MoMA, Nova York, e actualmente no Departamento de Artes Visuais do British Council.
As exposições são fenómenos vivos e imprevisíveis, assim esperamos que a crítica e o diálogo provocados pela exposição conduzam a novas avaliações daquele período. Os ensaios de Clive Phillpot, Andrea Tarsia e Michael Archer no catálogo, definem, claramente alguns dos acontecimentos fundamentais, e atitudes marcantes da década, mas o argumento conciso e revisionista de Rosetta Brooks, centrado em três artistas, mostra o porquê de o história da "arte conceptual e experimental, 1965 -75" ter mais a ver com liberdades intelectuais e culturais de que com um movimento ou "ismo" baseado em reputações e artefactos importantes para uma abordagem de museu.
A preparação e apresentação da mostra exigiram um tipo de arqueologia e tolerância especiais - poucos são os artistas que aceitam participar em mostras colectivas, especialmente quando o conteúdo evolui de forma orgânica, e os recursos e o espaço são inevitavelmente limitados. Todos aqueles com quem falámos, em particular os artistas participantes, mostraram-se, não obstante, dispostos a revisitar o passado. Tendo em conta o quão envolvidos os artistas estavam em dar forma aos novos desenvolvimentos das suas práticas actuais, a sua paciência foi heróica. Estamos imensamente gratos a eles e aqueles que nos cederam os trabalhos, quer a título individual ou institucional, pelo seu apoio generoso.
A arte conceptual nunca foi fácil de vender ao mundo empresarial, não sendo por isso de estranhar que a capacidade da Whitechapel e do Museu de Chiado de realizar o projecto tenha dependido da contribuição daqueles que compreendem o valor da investigação e da troca subtil de ideias entre artistas. Estamos profundamente gratos ao Paul Mellon Centre for Studies in British Art e ao London lnstitute pelo apoio ao catálogo; à Henry Moore Foundation, sempre perspicaz na sua apreciação da correspondência inseparável entre o pensamento tridimensional e um novo papel para a arte no novo século; ao Elephant Trust que se comprometeu em apoiar a preparação das obras para a exposição; ao British Council por permitir que Clive Phillpot devotasse tempo e os seus recursos ao trabalho de comissariado e também pelo entusiasmo e apoio financeiro que permitiu a realização da exposição no Museu do Chiado; aos especialistas de filme e média do Arts Council, em particular Dave Curtis que colaborou na preparação do programa; ao Instituto Português de Museus pelo interesse e apoio com que acolheu esta iniciativa.
As exposições que requerem tanta documentação e material exigem grandes esforços por parte da pequena equipa da Whitechapel e não teriam sido possíveis sem o envolvimento permanente de todo o pessoal. Vários jovens comissários voluntariaram os seus serviços como assistentes do projecto, a dedicação generosa e a capacidade de organização de Candy Stobbs produziram grande parte do catálogo e Felicity Sparrow tornou, simplesmente, o programa de filmes possível. Herman Lelie mostrou a sua admiração e afinidade por este período no seu excepcional trabalho de design e produção desta publicação.
No Museu do Chiado toda a tarefa de transferência da exposição, renovação dos empréstimos, trans portes e substituição das escassas obras que não puderam integrar a versão de Lisboa, foi coordenada por María Jesús Avila, com a continuada participação de Paula Santos, que a assistiu. Amélia Godinho organizou toda a logística e registo; Nuno Ferreira de Carvalho, a reedição do catálogo. Para todos eles vão os nossos agradecimentos .
Catherine Lampert
Directora da Whitechapel Art Gallery
Pedro Lapa
Director do Museu do Chiado

David Hall, TV Interruptions (7 TV Pieces), Tap Piece, 1971
© David Hall
MNAC
entrada: Condições GeraisLive in your head
Conceito e experimentação na Grã-Bretanha 1965-75
2001-02-01
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Em Exibição
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Noites de Verão - Concertos de Música
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Azul no Azul: O realizador italiano Gianmarco Donaggio lança a curta-metragem experimental 'Azul no Azul', uma viagem cinematográfica dentro do jardim das esculturas do MNAC - Museu Nacional de Arte Contemporânea.
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Após residência artística no Museu Nacional de Arte Contemporânea, este é o fruto de um trabalho e pesquisa persistentes, de Nelson Ferreira.
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DEAMBULAÇÕES DE UM GRUPO DE CRIANÇAS DA ESCOLA OSMOPE PELA RUA MOUZINHO DA SILVEIRA NO PORTO
Veloso Salgado
de Lisboa a Wissant. Itinerário de um pintor português
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Exposição Veloso Salgado de Lisboa a Wissant. Itinerário de um pintor português - integrada na programação da Temporada Portugal-França (Cruzada)
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2024-04-01
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A OUTRA VIDA DOS ANIMAIS
2022-05-05
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Esta exposição de animais reais e fantásticos conta com obras de desenho, pintura, fotografia, cerâmica, escultura e media art tendo sido pensada para um público mais jovem, mas onde todas as idades são bem-vindas.
‘Não sei se posso desejar-lhe um feliz ano’
2022-04-14
2022-08-28
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‘Não sei se posso desejar-lhe um feliz ano’. Obras da colecção de Mário Teixeira da Silva com curadoria de Adelaide Duarte.
Paisagens povoadas
Narrativas da colecção do MNAC (1850-1930)
2022-02-16
2022-08-28
Curadoria: Maria Aires Silveira
A estética da paisagem, em diálogo com a presença e intervenção humana na natureza.
Maria Eugénia & Francisco Garcia
Uma Coleção
2021-11-18
2022-09-18
Curadoria: Maria de Aires Silveira, Cristina Azevedo Tavares e Raquel Henriques da Silva
O MNAC expõe a coleção de Maria Eugénia e Francisco Garcia
Brevemente
Exposição Jorge Barradas
Pedido de informações
2023-03
2023-08
Curadoria: Carlos Silveira
De Março a Agosto de 2023, será apresentada no MNAC uma retrospectiva de Jorge Barradas. Jorge Barradas morreu em 1971, sem deixar descendentes. Agradecemos, contudo, a quem conhecer quaisquer sucessores indirectos que nos contacte.
Echoes of Nature
Manuela Marques
2022-10-07
2023-01-29
Curadoria: Emília Tavares
Exposição no âmbito da programação da Temporada Portugal-França 2022