Cena de guerra

, 1916-18

Cristiano Cruz

Guache sobre cartão

23 × 24 cm
assinado
Inv. 2188
Historial
Doação de Ema Sheppard Cruz, irmã do artista, em 1979.

Exposições
Lisboa, 1993, 60, cor; Frankfurt, 1997, 9, cor; Lisboa, 1997, 9, cor; Castelo Branco, 2001, 4, cor; Caminha, 2001; Lisboa, 2006.

Bibliografia
RODRIGUES, 1989, 92, cor; Cristiano Cruz (1882–1951), 1993, 60, cor; SILVA (et al.), 1994, 122; SILVA, 1995, 376, cor; HENRIQUES, 1997, 9, cor; «Modernismo sem vanguarda», 2000; SANTOS, 2001, 4, cor.
Este guache terá sido executado em França durante a guerra para onde o artista havia sido mobilizado. Pertence já à terceira e última fase da sua curta obra em que a cor ganha um substancial acréscimo de participação no esquema geral da composição, contudo uma memória gráfica é ainda determinante. O traço negro e espesso faz participar os escassos pormenores, as linhas estruturadoras bem como as de valor rítmico com a mesma intensidade na composição geral. A sua forma quebrada e angulosa, recusando a curva, cria uma agressividade expressionista. As cores planificadas seguem os espaços delimitados pelas linhas, construindo um espaço plano e saturado, para que muito contribui o fundo branco ritmado numa atitude próxima do cloisonnisme, característico de algumas situações do movimento Die Brucke ou do Jugendstil, e que o próprio tema vem reforçar. Uma explosão ocupa a margem direita, se bem que delineada graficamente, permite um momento de cor mais informe que faz um explícito aproveitamento do material do suporte conjugado com algumas cores ácidas, raras na paleta do artista. O movimento destas cores traça uma oblíqua importante na composição geral da cena, cruzada por outra vincada pelos braços abertos do soldado e extremada por uma expressiva mão que se recorta sobre o fundo branco. O corpo, que com a explosão é atirado para a esquerda, é criador de instabilidade e tensão, afinal o grande tema desta fase da pintura de Cristiano Cruz.

Pedro Lapa
 

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