Lisboa e o Tejo; Domingo

, 1935

Carlos Botelho

Óleo sobre madeira

71 × 100 cm
assinado e datado
Inv. 802
Historial
Adquirido pelo Estado em 1935.

Exposições
Lisboa, 1935, 14; Lisboa, 1956; Lisboa, 1959, 40; Bruxelas, 1967, 45, p.b.;
Paris, 1968, 45, p.b.; Madrid, 1968, 45, p.b.; Lisboa, 1971; Brasília, 1976, 12, p.b.;
São Paulo, 1976, 12, p.b.; Rio de Janeiro, 1976, 12, p.b.; Londres, 1978, 26, p.b.;
Bruxelas, 1986, 37, cor; Moscovo, 1987, p.b.; Lisboa, 1989, 86, cor;
Lisboa, 1997, 285, p.b.; Tóquio, 1999, 89, cor; Lisboa, 1999, 33, cor;
Castelo Branco, 2001, 91, cor; Lisboa, 2002; Lisboa, 2008; Lisboa, 2010.

Bibliografia
1.ª Exposição de Arte Moderna do SPN, 1935, 14; Arte / Boletim da Sociedade Nacional das Belas-Artes, 1951, 3, p.b.; PAMPLONA, 1954, cor; 30 Anos de Cultura em Portugal (…), 1956; Exposição Retrospectiva do Pintor Carlos Botelho (…), 1959, 40; Art Portugais: Peinture et sculpture du Naturalisme (...), 1968, 45, p.b.; Lisboa na Obra dos Artistas Contemporâneos, 1971, s.p; FRANÇA, 1974, 291; Arte Portuguesa Contemporânea, 1976, 12, p.b.; Portuguese Art since 1910, 1978, 26, p.b.; GONÇALVES, 1986, 147, cor; GONÇALVES, 1986, 50, cor; Le XXème au Portugal (…), 1986, 36, 37, cor; Arte Portuguesa Contemporânea, 1987, p.b.; Botelho, 1989, 86, cor; GONÇALVES, 1992, 23, cor; SILVA (et al.), 1994, 235, cor; BOTELHO (et al.), 1995, 134, cor; Arte Moderna Portuguesa no Tempo de Fernando Pessoa (…), 1997, 284, 285, p.b.; SILVA, 1997, 387, cor; GONÇALVES, 1998, 47, cor; SILVA, 1998, 45, cor; Esplendores de Portugal: Cinco Séculos de Arte (...), 1999, 89, 135, cor; Botelho: Centenário do Nascimento, 1999, 33, cor; SANTOS, 2001, 90, 91, cor; SILVA, s.d., 110, cor.







Uma larga perspectiva panorâmica apresenta o tema favorito do artista que, de diversas formas, será desenvolvido durante toda a sua obra. O gradeamento característico do varandim do Palácio do Marquês de Tancos funciona como «boca de cena» construindo uma meia elipse a que respondem os azuis do céu, do rio e da outra margem. Uma rua larga abre o espaço no centro de um casario compacto de onde as duas torres da Igreja de S. Cristóvão se alçam. Este motivo será recorrente na obra do artista, bem como a vista da cidade tirada de um ponto elevado. A marcação do claro-escuro é realizada através de sombras dadas nos planos claros das empenas e de alguns brancos intensos, todavia não é uma preocupação muito relevante e que em obras posteriores desaparecerá. Os tons rosa e terra do casario e dos telhados afirmam plenamente a substancialidade desta pintura que assim atribui um valor idêntico a ambos. A linearidade com que os telhados são tratados repudia o descritivismo de pormenor. Os arrastamentos da matéria cromática encontram por vezes algumas sugestões abstractizantes, como é o caso do casario do lado esquerdo, que apresenta uma empena e o telhado numa nítida valorização pictórica das superfícies constitutivas. Sugestões ingénuas estão também presentes em algumas perspectivas de gradeamentos de varandas. A figura debruçada na varanda, que contempla a rua, evoca o outro pintor de Lisboa que foi Francis Smith, embora aqui a figura não esteja em conversação com outra, acentuando o silêncio e a melancolia do domingo que as bandeiras nacionais indicam numa dormente imobilidade de uma cidade parada no tempo e ensimesmada, afinal como esta pintura.

Pedro Lapa
 

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