Festejando o S. Martinho

, 1907

José Malhoa

Óleo sobre tela

151 × 200 cm
assinado e datado
Inv. 2
Historial
Adquirido pelo Legado Valmor ao artista em 1908 – 09. Integrado no MNAC em 1911.

Exposições
Paris, 1907; Rio de Janeiro, 1908, 78, p.b.; Lisboa, 1909, 70, p.b.; Lisboa, 1911, 87; Madrid, 1912; Barcelona, 1912; Lisboa, 1913, 2; Lisboa, 1928, 49; Caldas da Rainha, 1950; Lisboa, SNBA, 1983, 54, p.b.; Lisboa, MNAC, 1, cor; Paris, 1987, 179, cor e p.b.; Lisboa, 1988, 179, cor e p.b.; São Paulo, 1996, cor; Rio de Janeiro, 2003, 26, cor; Lisboa, 2005; Caldas da Rainha, 2005, 27, cor.

Bibliografia
Catalogo illustrado da 7ª exposição de pintura, esculptura, architectura, desenho, aguarella, 1908, 78, p.b.; O Occidente, 1908, 148 – 49, p.b.; 1909, 70, p.b.; 146; 1909, 114; 1911, 114; 1912, 138; La Ilustración Artistica, 1912, p.b.; Pintura portuguesa no MNAC (...), 1927, 24, cor; Lisboa, 1928, XLIII, p.b.; SAMPAIO, 1931, p.b.;  BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 12.; LACERDA, 1946, 380 – 381, p.b.; MACEDO, 1948, capa, p.b.; MONTÊS, 1950, reps. 27 – 30, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; Arte/Revista da Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1955, 17, p.b.; Um século de pintura e escultura Portuguesas, 1965, 21, p.b.; FRANÇA, 1967, vol. II, 284 – 285, cor; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 223, cor; Portuguese 20th century artists: a biographical dictionary, 1978, pl. 2, cor; Colóquio/Artes, 1983, 52, p.b.; Cinquentenário da morte de José Malhoa: Pintor de costumes, de paisagem e de História, 1983, 61, p.b.; Revista dedicada ao pintor José Malhoa, 1983, 39, p.b.; Malhoa nas colecções do Museu Nacional de Arte Contemporânea: Evocação no Cinquentenário da sua morte, 1983, capa, cor; MATIAS, 1986, 57, cor; FRANÇA, 1987, 29, p.b.; FRANÇA e COSTA, 1988, 212, cor; Le XIXe siècle au Portugal: Histoire-Societé-Culture-Art. Actes du Colloque, 1988, 40, p.b.; FRANÇA, 1991, 11.; O Grupo do Leão e o Naturalismo Português, 1996, 53, cor; Lisboa, 1996, 63, cor; FRANÇA, 1998, 29, cor; PEREIRA, 1999, 326, cor; FRANÇA, 2001, 472; COSTA e BRANDÃO, 2003, 72, cor, 60 – 61 cit.; Malhoa e Bordalo: Confluências de uma geração, 2005, 85, cor; COUTO, 2005, 20.
Pintura realisticamente construída, identifica-se com um imaginário mítico de “portuguesismo”, forjado por Malhoa, facilmente aceite por um gosto popular e ajustado a uma suposta identidade nacional. O pormenor descritivo, a narratividade e a observação detalhada das várias fases da bebedeira integram o retrato colectivo destas figuras reais captadas no local, conhecidas do artista e nomeadas por António Montês, no interior soturno de uma taberna: O Regedor, sóbrio (também retratado em pose, individualmente, em 1903), prepara-se para comer uma sardinha no pão, caracterítico petisco português, O Carriço, Jerónimo Godinho, Alfredo Ventura (retratado individualmente), Júlio Soares Pinto e Julião dos Santos. Sentados e encostados desalinhadamente em torno de uma mesa, em posições diversificadas, tanto numa aparente lucidez, como em desequilíbrio, passam de um estado de pré-inconsciência ao sono profundo. Esta análise particular, assim como a revelação do estatuto profissional dos indivíduos que se adivinha pela apresentação minuciosa do seu trajar, e, o tratamento expressivo dos rostos, constituem as características fundamentais da aprovação e bom acolhimento deste quadro, garantindo o sucesso nas críticas da época e subsequentes, apesar da singularidade desta temática na pintura portuguesa.
O tema tinha sido já abordado por Malhoa em A volta da romaria (1901), A procissão (1906), Basta, meu pai (1910) em composições ensolaradas, sempre observadas em Figueiró dos Vinhos, terra de eleição do artista. A cena, situada nesta terra das imediações de Coimbra, integra-se num vasto conjunto de obras do autor, ligadas a um modo de viver rústico localizado, mas que se desenvolve em projecções proporcionais a uma idealizada construção de vivências nacionais rurais e pitorescas, tanto nos seus prazeres como nos seus vícios.
Antecedido por vários estudos a lápis e a óleo, este quadro emblemático de Malhoa relaciona-se com o conhecido O Fado (1910), da colecção do Museu da Cidade, formando um “díptico” do imaginário de Malhoa sobre os costumes populares da cidade e do campo.

Maria Aires Silveira