O cego rabequista

, 1855

José Rodrigues

Óleo sobre tela

170 × 118 cm
assinado e datado
Inv. 515
Historial
Pertenceu às colecções do rei D. Fernando II (1816 – 1885) e em 1898 já se encontrava na posse do Dr. Ayres de Campos, conde de Ameal. Adquirido pelo Estado no leilão do Conde de Ameal, em 1921.

Exposições
Paris, 1855, 1672; Lisboa, 1856; Lisboa, 1898, 315, p.b.; Lisboa, 1921, 1301; Lisboa, 1950; Lisboa, 1979, 24, p.b.; Paris, 1987 – 1988, 92, p.b.; Lisboa, 1988, 92, p.b.; Porto, 1999 – 2000, 52, cor; Lisboa, 2005.

Bibliografia
PESSANHA, 1898, 315, p.b.; ARTHUR, 1903, 218; CASTILHO, 1909, 45, p.b.; SOUSA e SEQUEIRA, 1921, 1301, p.b.; PARIS, 1926, 846; Pintura portuguesa no MNAC (...), 1927, 3, cor; LUCENA, 1943, 79; MACEDO, 1949, 19, p.b.; SANTOS, 1953, 524, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; MACEDO, 1961, 72, p.b.; FRANÇA, 1967, vol. I, 271, p.b.; SOARES, 1971, 74; FRANÇA e CHICÓ, 1973, 358, cor; A Criança nas Colecções do Museu, 1979, 33, p.b.; ANACLETO, 1986, 157, cor; FRANÇA, 1988, 143, p.b.; O Romantismo em Portugal: Estudo de Factos Socioculturais, 1993, 320 – 321, p.b.; Imagens da Família: Arte Portuguesa 1801 – 1992, 1994, 20, cor; PEREIRA, 1995, 332; O Romantismo e a Pintura Portuguesa do século XIX, 1999, 31; As Belas-Artes do Romantismo em Portugal, 1999, cat, 211, cor; FRANÇA, 20001, 467.
Distinguindo-se como retratista, José Rodrigues explorou uma via de teor sentimental do romantismo português, dramatizado por narrativas de pobreza, documentada por um conjunto de pinturas de pobres e pedintes, de observação verista, na linha de Murillo e Ceruti, em esquemas compositivos de influência italiana.
Apresenta-se no ano de realização da paradigmática pintura da geração romântica portuguesa, Cinco artistas em Sintra, de 1855, no início da divulgação destas novas propostas pictóricas, acrescidas de importância pelas aquisições de D. Fernando, que também integra este quadro na sua colecção. O gosto pela cena de género, que neste caso combina com uma forte “penetração psicológica” das figuras, representativas de realidades confrangedoras, pretensamente realistas pelos pormenores descritivos de trajes e expressões, encontra nos textos comentados de periódicos o suporte teórico destas sugestões. Analisadas e comentadas por Nogueira da Silva e Manuel de Macedo, em críticas insistentes e acusatórias do aproveitamento abusivo da criança, em situações limite de mendicidade, tais sugestões denunciam as condições sociais precárias de largas camadas da população.

Maria Aires Silveira