Retrato de menina

, 1872

José Ferreira Chaves

Óleo sobre tela

80,5 × 64,7 cm
assinado e datado
Inv.
Historial
Depositado pelo MNAA em 1945.

Exposições
Lisboa, 1901, 388; Lisboa, 1946; Luanda, Lourenço Marques, 1948, 20; Lisboa, 1979, 27, p.b.; Paris, 1987, 100, p.b.; Lisboa, 1988, 100, p.b.; Santarém, 1999, 14; Lisboa, 2005.

Bibliografia
BARREIRA, João, 1961, 76, p.b.; FRANÇA, 1967, vol. I, 445, p.b.; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 85; A Criança nas colecções do Museu, 1979, 35 p.b.; FRANÇA, 1981, 72, p.b.; FRANÇA e COSTA, 1988, 150, p.b.; MACEDO, s.d., 382, p.b.
Considerado um dos primeiros retratistas portugueses, retratista das burguesias em ascensão, que nestes anos de 1872 – 73 conhecem um favorável período de opulência financeira após a crise dos primeiros tempos do governo “regenerador”, Ferreira Chaves documenta esta mudança social e estabelece a passagem entre uma vertente de retrato romântico e o início de um realismo ambíguo. Via incerta, especialmente por desconhecer a importância da crítica social, apesar das polémicas Conferências do Casino, de 1871, da publicação de As Farpas, de 71 a 82, e das primeiras greves operárias, em 72, aponta para um realismo tendencialmente “verista”. Ferreira Chaves regista na tela as primeiras imagens de afirmação de poder, mais tarde, magistralmente captadas por Lupi, através da observação psicológica do retratado. Neste retrato, a menina Amália de Sá, reflecte o olhar de uma sentimental observação romântica mas destaca-se pela interpretação humanizada e sensível, em tonalidades azul e rosa. A sua pose interpeladora, uma expressividade jovial, a manifesta sinceridade na caracterização da figura, o pormenor dos acessórios coloridos, a descrição dos brancos e rendas, promovem os sinais de transição para o naturalismo.

Maria Aires Silveira