Retrato do Dr. Reis Santos

, 1930

José Tagarro

Grafite sobre papel

49,8 × 39,5 cm
assinado e datado
Inv. 679
Historial
Adquirido pelo Estado em 1932.

Exposições
Lisboa, 1931, 39; Lisboa, 1932, 39; Lisboa, 1958, 18.

Bibliografia
2.º Salão dos Independentes, 1931, 39; Exposição José Tagarro, 1932, 10; MACEDO, 1946, 388-289, p.b.; MACEDO, [s.d.], 435, p.b.; Exposição de Desenhos de Artistas Nacionais e Estrangeiros, 1958, 18; FEYO, 1960, 11, p.b.; SILVA (et al.), 1994, 167, cor.
Foi sobretudo como desenhador que José Tagarro atingiu uma originalidade relevante dentro do panorama da segunda geração modernista que foi a sua. Obra realizada num momento de refluxo do Movimento Moderno internacional – o retorno à ordem e aos neoclassicismos – com esta situação se acorda, já que ela representava para o público nacional desconhecedor o que de mais moderno era possível entender. O neoclassicismo dos desenhos de Tagarro tem origem na tradição da Escola Francesa e encontra em Ingres ou vagamente em Picasso referências marcantes. Um rigoroso desenho linear, com grande poder de síntese em que o claro-escuro é subtilmente dado pelas espessuras do traço. Neste retrato do Dr. Reis Santos a composição criada pelos pormenores da cadeira pode sugerir o Retrato de Diaguilev de Picasso, todavia o entendimento espacial cubista deste está arredado, contentando-se com o retrato, os tiques da pose e a sua implícita tipificação social, ou com alguns pormenores do vestuário apontados com um certo deleite.

Pedro Lapa