Espacillimité (máquina cinética)

, c. 1956

Nadir Afonso

Óleo sobre tela

95,8 × 137,5 × 41 cm
Inv.
Historial
Depositado pelo autor em 2007.

Exposições
Paris, 1956; Paris, 1958; Paris, 1959; Lisboa, 2008, 59, cor; Lisboa, 2009; Lisboa, 2010, 179, cor.

Bibliografia
AFONSO, 1958, 37, p.b.; AFONSO, 1970, 31, p.b.; Espacillimité, 1978; GONÇALVES, 1986, 106, p.b.; AFONSO, 1990, 50, p.b.; GONÇALVES, 1998, 36, p.b.; GONÇALVES, 1998, 68, cor; GONÇALVES, 2007, 7, cor; LAPA, 2008, 48-50, 59, cor; SILVA, 2008, 56, p.b.; As cidades no homem, 2009, 12, cor; GINGA, (…), 2010, 25-26, 179, cor.
Obra de referência no percurso de Nadir, Espacillimité (máquina cinética), foi apresentada em 1957, na Galerie Denise René (espaço mentor da apresentação da arte cinética) e, em 1958, no Salon des Réalités Nouvelles, em Paris. Particularmente singular no âmbito do Movimento Cinético, este trabalho integra-se na série Espacillimité que explorou a questão dos limites espacio-temporais da tela, a par da depuração e sistematização de uma linguagem iconográfica no âmbito do abstraccionismo geométrico. O projecto é concretizado numa tela em banda, em que as extremidades verticais se unem. A banda é colocada sobre dois eixos cilíndricos verticais que ao criarem tensão em sentido oposto permitem que a tela fique suspensa. Os cilindros assentam numa trave horizontal suportada por dois cavaletes e animada por um mecanismo que, ao gerar um movimento sistematizado dos eixos cilíndricos, acciona a deslocação da tela e introduz no domínio da pintura o conceito vanguardista de loop que lhe confere a ilusão do ilimitado. A narrativa rítmica é acentuada por um rigor formal nas relações de conjunto. Agrupadas num eixo horizontal, as formas geométricas transformam-se em signos que se articulam em contrastes cromáticos de azuis e vermelhos, articulados com apontamentos a preto sobre um fundo branco, que agora ganha escala na dinâmica de conjunto. Como numa pauta, estes signos geométricos traduzem uma selectiva síntese formal, organizada com base no equilíbrio ditado pela intuição informada nas leis da matemática. Nadir atribui à tela, suporte bidimensional da pintura, uma inédita tridimensionalidade, própria da escultura, a que acrescenta o movimento, característico do cinema. Uma profusão dialéctica de categorias numa abordagem audaciosa que materializa o carácter inovador desta obra.

Adelaide Ginga
 

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