Nocturno

, 1910

António Carneiro

Óleo sobre tela
55 × 82 cm
assinado e datado
Inv. 113
Historial
Adquirido pelo Legado Valmor ao artista,
em 1912.

Exposições
Lisboa, 1911, 35; Lisboa, 1913, 113; Lisboa, 1958, 10; Lisboa, 1973; Porto, 1973; Castelo
Branco, 2001, 1, cor; Lisboa, 2002; Lisboa, 2005; Lisboa, 2008; Lisboa, 2010.

Bibliografia
LAPA, 1994, 106, cor; SILVA, 1995, 346, cor; WANDSCHNEIDER e FARIA, 1996, 16, cor; CASTRO, 1997, 127, cor; PEREIRA, 1999, 323, cor; SANTOS, 2001, 39, cor.
De uma modernidade extrema dentro da obra do artista e no panorama nacional, esta tela explora as superfícies cromáticas dentro de uma poética de diluição da relação forma-cor. O silêncio da paisagem torna-se assim a sua transcendência, que no horizonte de visualidade inscreve o invisível. Esta relação sinestésica, característica das poéticas do Simbolismo, vem gerar na presente pintura um entendimento do espaço para-abstracto quase circunscrito à superfície da tela. O verde escuro que tudo absorve encontra na luz lilás da janela uma expressiva marcação de interioridade habitada e subitamente exteriorizada pelo reflexo nas águas do rio, tornando-as presentes. Este reflexo permite ainda amplificar o próprio movimento de exteriorização. As linhas de separação entre a terra e as águas assumem inflexões arte nova. Outro aspecto que esta pintura permite clarificar é um conhecimento da obra de E. Munch por parte de António Carneiro, que não se limitou ao Friso da Vida mas a obras como a Tempestade ou a Noite estrelada em que, quer o motivo da janela iluminada, quer as superfícies monocromáticas diluindo as formas terão impressionado o artista.

Pedro Lapa