Veneza (Sol posto sobre a laguna)

, c. 1906 – 1908

Adriano Sousa Lopes

Óleo sobre madeira

26,5 × 35 cm
assinado
Inv. 1266 (46)
Historial
Doação da família do artista ao Estado. Depositado pela Direcção-Geral da Fazenda Pública, em 1946, e seleccionado por Diogo de Macedo para integrar a colecção do MNAC.

Exposições
Lisboa, 1917, 100; Lisboa, 1949; Lisboa, 1980, 19, p.b.; Caminha, 2001; Lisboa, 2006.

Bibliografia
MACEDO, 1953, 6, p.b.; Lisboa, FCG, 1980, 19, p.b.; LISBOA, 1994, 111, cor.
Memória iconográfica de Veneza, esta peça complementa o anterior número deste catálogo. A laguna surge através de pequenas pinceladas, fortemente texturadas, resultantes da influência do meio parisiense, nomeadamente de Claude Monet e de Émile Besnard. Amigo deste último, Sousa Lopes considera-os, em carta enviada à Academia, os “mestres da luz”. O céu desmembra-se em azuis e rosas que na laguna se reflectem e misturam-se com manchas esverdeadas. Uma envolvência de efeitos de sol poente resulta de um jogo entre coloridos intensos e a captação da estética italianizante do tratamento da luz, rapidamente apreendida pelo olhar atento do autor. Aliás, é a importância deste estudo que constitui pretexto da viagem, em 1906, como o indica outra carta para a Academia Nacional de Belas-Artes: “os estudos escolares são insuficientes”. A composição planificada encontra na estrutura de uma das muitas esplanadas desta área, em castanhos fortes, a marcação de um plano anguloso, auxiliar de uma visão alargada de ‘grande angular’. Uma figura feminina de chapéu, sentada a uma mesa, indefinida pela pincelada sintetizada, parece admirar a paisagem do Mar dos Teatros onde se recortam os edifícios da Ilha de San Giorgio, à esquerda, Veneza, em frente e a Dogana, à direita.

Maria Aires Silveira