Torso de mulher

, 1922

Francisco Franco

Bronze
115 × 56 × 43 cm
assinado e datado
Inv. 1629-A
Historial
Fundição financiada pelo Estado em 1955, a partir do gesso, pertencente à Academia Nacional de Belas-Artes.

Exposições
Paris, 1922; Lisboa, 1923, 119; Lisboa, 1957, 3, p.b.; Lisboa, 1966, 26, p.b.; Madrid, 1967, 23, p.b.; Paris, 1967, 23, p.b.; Bruxelas, 1967, 23, p.b.; Madrid, 1986, 60, p.b.; Bruxelas, 1986, 19, p.b.; Frankfurt: 1997, 58, cor; Lisboa, 1997, 58, cor; Lisboa, 1997, 11, p.b.; Porto, 1998, 52, cor; Lisboa, 2005; Lisboa, 2009.

Bibliografia
5 Independentes, 1923, 119; MACEDO, 1953, 6; MACEDO, 1956, 6, p.b.; 1.ª Exposição Nacional de Escultura (…), 1957, 3, p.b.; Exposição Retrospectiva do Escultor (…), 1966, 26, p.b.; Art portugais: peinture et sculpture (…), 1967, 23, p.b.; Arte portugués: pintura y escultura (…), 1968, 23, p.b.; COGNIAC, 1968; FRANÇA, 1974, 182, p.b.; TANNOCK, 1978, 145, p.b.; 100 Obras maestras del arte portugués, 1986, 60, p.b.; GONÇALVES, 1986, 125, cor; Le XXème au Portugal (…), 1986, 19, p.b.; SILVA (et al.), 1994, 173, cor; Percurso Táctil: Escultura Século XIX e XX, 1997, 11, p.b.; HENRIQUES, 1997, 58, cor; ALMEIDA-MATOS, 1998, 52, cor; FRANÇA, 1999, 56, cor; FIGUEIREDO, 2005, 11, p.b.; NUNES, 2005, 310.

Com esta escultura, também ela exposta no Salon d’Automne, a obra de Franco encontra uma nova poética consentânea com valores mais classicizantes, próprios do início da década de 20. O corpo mimetisa troncos de árvores e nessa ambiguidade corpo/tronco constitui-se como metáfora de si mesmo. A arquitectura das massas bem equilibradas, quase hierarquicamente entendidas como puros valores escultóricos, aproximam-no de Bourdelle, que será o seu mestre de entre os contemporâneos, no entanto os cortes que fragmentam a peça, sobretudo o da cabeça, evocando uma memória arqueológica, têm ainda presente a lição de Rodin. Assim, o próprio acidente, como é o caso das orlas salientes do corte da cabeça, é integrado e torna-se participante nos valores escultóricos. Esta situação ajuda a centrar a concentração visual no próprio corpo. A textura rugosa da carnação anima a qualidade da superfície dos volumes e permite-lhes uma frontal recusa do naturalismo oitocentista. Os seios suavemente apontados vêm dar uma jovialidade ao corpo e velam o pressuposto erótico que se adivinha na pose.

Pedro Lapa