A viúva

, 1893

Teixeira Lopes

Mármore

154 × 93,5 cm
assinado e datado
Inv. 212
Historial
Adquirido pelo legado Valmor ao autor, em 1903. Integrado no MNAC em 1914.

Exposições
Paris, 1893; Berlim, 1896; Paris, 1900, 12; Saint Louis: Art Palace, 1904; p.b.; Lisboa, 1979, 113, p.b.; Paris, 1987, 235, p.b.; Lisboa, 1988, 235, p.b.; Lisboa, 1997, p.b.

Bibliografia
ARTHUR, 1903, 318; Official Illustrations of selected works, 1904, 353 – 55; PARIS, 1926, 41; MACEDO, 1934, 446; Portugal: A arte, os monumentos, a paisagem, os costumes, as curiosidades, s.d. (c. 1936), 20, p.b.; BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 15; PAMPLONA, 1943, 227, 223, p.b.; PORTO 1943, 223, p.b.; PORTO, 1953, 549, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. IV; FRANÇA, 1967, vol. II, 209, p.b.; CASTRO, 1967, 5, p.b.; A Criança nas colecções do Museu, 1979, 113, p.b.; ANACLETO, 1986, 143, cor; FRANÇA e COSTA, 1988, 269, p.b.; FRANÇA, 1988, 47; Caldas da Rainha, 1994, 26; SILVEIRA, 1994, 90, cor; PEREIRA, 1995, 350, cor; Percurso Táctil: Escultura séc. XIX e XX, 1997, capa, p.b.; ANDRADE, 1997, 62 – 3, cor; PORTO, 1999, 39, cor; SANTOS, 2002, 12, cor; TEIXEIRA, 2005, 12, p.b.; MACEDO, s.d., 426, p.b.
Na representação de uma dramática maternidade, Teixeira Lopes transmite o desespero de uma jovem mulher viúva, exemplo de uma imagética trágica, que em outros momentos se expressa (Caridade; A Dor). O tema, esboçado por alguns românticos, especialmente Metrass, deve ao sentimentalismo o entrosamento destas duas gerações.
O naturalismo observa-se no modelado descritivo dos corpos e vestes, e, expresso semanticamente, recorta duas figuras no espaço de um imaginado humilde quarto. A narratividade da cena revela um berço com roupa, enrugada pela agitação da fome da criança. Saciada pela mãe, descreve uma elegante linha sinuosa que à cena confere um elemento cenográfico de idealismo.
Pensionista em Paris com subsídio particular, Teixeira Lopes alcança o primeiro lugar entre cem candidatos, no concurso de admissão à Escola de Belas-Artes, demonstrando nesta peçaa influência de esquemas escultóricos franceses, como a Maternité de Paul Dubois ou algumas obras de Delaplanche. De uma expressividade melancólica, A viúva representa vivências humildes através de um naturalismo narrativamente desvendado.
No entanto, no modelado macio e ovalóide do conjunto, na pose ritmada da mulher, geradora de uma instabilidade dinâmica, a peça torna-se metáfora de sentimentos ou da materialização do feminino, na imagem de maternidade. No jogo entre o discurso imediato e a sugestão de significados mais profundos, reside a pregnância sentimental desta escultura.

Maria Aires Silveira