Dordio Gomes

Arraiolos , 1890 Porto , 1976

Após formar-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa, sob o magistério de Veloso Salgado e Columbano Bordalo Pinheiro, parte para Paris com o escultor Francisco Franco como bolseiro do Estado em 1910, aí permanecendo um ano. Nesta fase inicial a sua obra articula-se a partir das influências dos seus mestres de escola e de uma tradição naturalista, e assim se mantém até 1921, ano em que empreende nova aventura parisiense. Na capital francesa, onde permanece até 1926, Dordio abre-se a preocupações construtivas e formais segundo um entendimento cezanniano, que se verá alterado a partir do seu regresso a Portugal, quando inicia pinturas de temática alentejana, em concreto, uma série sobre cavalos, claramente relacionadas com a obra de Franz Marc. Cedo, em 1932, a sua obra abandonou as preocupações, o entusiasmo e o desejo inovador de juventude e, já estabelecido no Porto (1933–1960), encerrou-se em composições centradas no Alentejo e no Douro, destacando-se, entre as últimas, as pontes sobre o rio, de traço leve e cromatismo mais suave, embora com o vigor pictórico que o caracteriza. Desde 1933 até 1960 foi professor de pintura na Escola de Belas-Artes do Porto, onde desempenhou um importante papel como renovador do ensino académico e começou, em 1944, uma produção de pintura mural a fresco. A sua actividade expositiva, para além de escassas individuais (1932, 1956 e 1965), desenvolveu-se entre os Salões anuais da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1913–1930) e as Exposições de Arte Moderna do SPN/SNI(1935–1951), intercalando-se entre elas a exposição 5 Independentes (1923), da que Dordio foi um dos organizadores.

Maria Jesús Ávila