Rui Filipe

Beira, Moçambique , 1928 Lisboa , 1997

É em Moçambique que Rui Filipe inicia os estudos artísticos, com (o mestre) Frederico Ayres, expondo individualmente pela primeira vez em 1944, em Lourenço Marques.
Em 1946 vem para Portugal, e estuda em Lisboa (onde foi discípulo de Domingos Rebelo) e no Porto (onde foi aluno de Dordio Gomes). Entre 1948 e 1959 viaja por toda a Europa, enriquecendo a sua formação. Neste período estuda com Vasquez Diaz (Madrid, 1948–51), frequenta a Academia de la Grande Chaumière (Paris, 1953–55) e frequenta o curso de Escultura, na Slade School of Fine Arts (Londres, 1958–1959).
Ao longo da década de 1950 participa em numerosas exposições colectivas, destacando-se o Salão da Jovem Pintura (Galeria de Março, 1953, prémio Jovem Pintura), a Exposição de Homenagem a Vasquez Diaz (Madrid, 1954), o I Salão dos Artistas de Hoje (Lisboa, 1956) ou a representação portuguesa na Exposição Internacional de Bruxelas (1958, medalha de bronze). Seria ainda agraciado com o prémio Silva Porto (1960) e com o prémio Paisagem, da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1993). Entre 1962 e 1982 Rui Filipe trabalha no departamento gráfico de algumas agências de publicidade em Lisboa, actividade que concilia com as artes plásticas. A partir da década de 1980 dedica-se exclusivamente à pintura, participando em numerosos certames artísticos. O seu trabalho é profundamente intimista, com uma forte dimensão lírica. As paisagens que cria são serenas, quase imateriais, concebidas num cromatismo que tira partido dos valores claro-escuro. As figuras que representa, modeladas de modo quase escultórico e tratadas pictoricamente com uma materialidade própria, apresentam a mesma serenidade inquietante, com os seus rostos redondos de olhos escavados. O silêncio, a nostalgia e a desolação tranquila são, pois, as notas principais da sua obra.

Joana Baião