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Outros olhares

Novos projectos

Ana Vidigal, Rodrigo Oliveira, António Olaio, Xana

2011-06-30
2012-05-27
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Rodrigo Oliveira + Fernando Lanhas

Rodrigo Oliveira

A primeira pedra (e todas as outras mais), 2011

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Fernando Lanhas, Porto 1923
P 13-66 (1966),  P 27-72 (1972), P 89-85 (1985)
Seixos pintados a óleo
Nº inventário: 2348, 2350, 2349)

A primeira pedra (e todas as outras mais), 2011 é uma instalação site specific integrada no  programa "Outros Olhares – Novos Projectos” tendo como ponto de partida uma série de seixos pintados (P 13-66, P 27-72, P 89-85) de Fernando Lanhas.

A obra de Fernando Lanhas foi uma escolha imediata, pela sua actualidade, pelo processo de pesquisa e de desenvolvimento e pela qualidade metafórica da pedra enquanto objecto basilar de edificação. Pretexto para abordar não apenas uma obra da colecção mas todo o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, enquanto espaço arquitectónico, enquanto local de exposição de obras de arte e enquanto produto de um século de diferentes contextos sociais, políticos e estéticos.

A intervenção ambiciona a interactividade com o visitante, estimulando as várias dinâmicas implícitas no funcionamento e na carga simbólica do Museu.

A peça remete para uma grelha disseminada no espaço, tal como as estruturas de sustentação de um edifício, ou como as vigas e pilares que definem uma quadrícula na construção arquitectónica, a que não é alheia a influência da estrutura construtiva pombalina e a própria métrica do pavimento do museu. Uma arquitectura dentro de outra arquitectura, que assume um estado parasitário ao mesmo tempo que se impõe no espaço pelas suas dimensões. A referência construtiva vem também dos dispositivos museológicos usados nas primeiras exposições modernistas com os sistemas em "T" e em “L”.

O material acessível e rude dos cantos de cartão, permite uma construção rápida e versátil, que terá sempre um carácter de maqueta desmontável e transportável, funcionando igualmente como uma referência aos sistemas construtivos da arquitectura modernista. A configuração da peça em zigurate invertido, em progressivo projecto e construção, convoca também para alguns desenhos e desenvolvimentos do Corbusier em relação ao Modulor. A cor da peça parte dessa informação, da reflexão sobre o esquema de cores utilizados nos silos da Tagol na margem sul do rio Tejo, reflectindo estudos de utilização da cor na desmaterialização de uma massa ou volume arquitectónico, enquanto peso visual e enquadramento paisagístico.

A quadrícula da peça apela sobretudo para a questão da estandardização dos espaços de armazenamento e de exposição simultânea das obras. As reservas do museu são evocadas na criação de painéis imaginários de pedras ausentes, onde são colocados os números sequenciais do inventário das obras de Fernando Lanhas, para voltarem a ser colocadas no seu lugar original ou num outro local aleatório. Há aqui um processo de catalogação e arquivo, como se parte de um edifício fosse transplantado pedra a pedra para outro lugar, permitindo diferentes combinações reconstrutivas.
Afinal sabemos qual é a primeira pedra? E sabemos a configuração de todas as outras mais?

Rodrigo Oliveira
Setembro, 2011

 

RODRIGO OLIVEIRA
Sintra, 1978
Actualmente vive e trabalha em Lisboa

Em 2003, concluiu a Licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa no decorrer da qual e ao abrigo do programa Erasmus frequentou durante o último ano lectivo a Universidade de Belas Artes de Berlim (Universität der Künste). Nesse período participou no Programa Independente de Estudos das Artes Visuais da Escola Maumaus, onde viria a realizar a sua primeira exposição. Posteriormente prosseguiu a sua formação no Chelsea College of Art & Design, onde completou o mestrado em Belas Artes.

À primeira exposição colectiva que realizou em 2001 na Escola Maumaus, seguiu-se um Project Room na Galeria Filomena Soares. A partir daí realizou várias exposições colectivas e individuais, em Portugal e no estrangeiro, que contribuiriam para que seja actualmente considerado um dos mais proeminentes artistas portugueses da sua geração.

O artista está representado em colecções privadas e institucionais.

Paralelamente à exposição no MNAC, no programa “ Outros Olhares”, com “A primeira pedra (e todas as outras mais)”, o artista expõe no Centro de Artes de Ponte de Sôr “Uma casa com um quadrado à parte” e na Quase Galeria, no Porto, “Se respeitássemos a arquitectura ainda vivíamos nas cavernas”.