Echoes on the Wall. Marco Godinho: Outro dia

Atrium

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Echoes on the Wall

Marco Godinho: Outro dia

2015-09-12
2015-10-18
Curadoria: Adelaide Ginga

O projeto ECHOES consiste num ciclo de exposições individuais que reúne jovens artistas de origem portuguesa, a trabalhar e residir fora do seu país de origem. Artistas que apresentam, na sua maioria, um currículo construído com exposições realizadas no estrangeiro, onde têm ganho crescente reconhecimento, mas com pouco ou nenhum eco em Portugal. Ainda que a maioria destes criadores procure divulgar o seu trabalho no país natal, com a realização pontual de mostras, são de um modo geral pouco conhecidos e acabam por estabelecer maior contacto com importantes centros artísticos internacionais.

Durante cerca de um ano, o MNAC irá realizar um ciclo de mostras individuais na parede de fundo do atrium do Museu. É neste espaço de acolhimento que os visitantes são interpelados por trabalhos recentes ou inéditos de nomes da diáspora cultural portuguesa, que espelham as novas linguagens de criação artística contemporânea. O convite foi lançado a artistas lusófonos estabelecidos em países com comunidades portuguesas relevantes ou em crescente afirmação, nos cinco principais continentes de destino migratório. Valorizou-se uma visão plural com perspetivas culturais diversas e experiências artísticas distintas.

Sendo a arte uma área privilegiada para a abordagem de questões políticas, económicas, sociais, etc., estes “Ecos” propõem também a reflexão sobre questões pertinentes da atualidade: o reativar do impulso à emigração, as miscigenações sociais e respetivas hibridizações culturais, os diferentes modelos e parâmetros de integração e cidadania, a dicotomia no que toca à identidade e o surgimento de novas geografias emocionais. Esta iniciativa visa estabelecer a ponte entre as novas gerações de criadores portugueses que estão fora do contexto nacional e o MNAC como espaço de excelência no contacto com a arte contemporânea portuguesa e local de acesso à novidade que estimula novos olhares sobre o real.


de 12 de setembro a 18 de outubro

Marco Godinho: Outro dia


Marco Godinho é o terceiro artista a ser apresentado em exposição individual no âmbito do ciclo ECHOES ON THE WALL – artistas portugueses no estrangeiro.

A mostra intitulada “Outro dia“ remete para o conceito de tempo. De um tempo aberto, sem limites estanques, mas também de repetição. A passagem cíclica dos dias, que transita entre passado, presente e futuro, e que arrasta subjacente o desejo de mudança, de renovação. O conceito de espaço está subentendido e relaciona-se com um espaço em trânsito, o espaço do “Outro” na conotação antropológica de construção identitária.

Composta por quatro momentos, esta exposição inicia-se com a intervenção  “The Infinite House (House number)”. Este primeiro momento consiste na aplicação do número 8 na porta de entrada do Museu, rodado a 90⁰, como símbolo do infinito. Esta subtil intervenção artística no espaço exterior é quase imperceptível para o espectador inadvertido.

Dentro do espaço do Museu, a parede dedicada ao ciclo de exposições “ECHOES ON THE WALL” é ocupada por “Forever Immigrant”, uma criação que convoca a acção performativa. O carimbo com as duas palavras vai ocupando a parede branca e desenhando um nuvem, símbolo de movimento contínuo, mas também de sonho e utopia na luta pelos direitos humanos.

Sobre um plinto, repousa a obra em papel “Declaração Universal”. Marco Godinho tem vindo a trabalhar em versões linguísticas da Declaração Universal dos Direitos do Homem. O texto é copiado para uma folha de papel recorrendo a um método usado no século XIX. Daí resulta uma grelha geométrica de quadrados, visualmente semelhante a uma grade de arame farpado que “aprisiona” os chamados direitos fundamentais.

Por fim, “ET (O último diálogo possível)”, trabalho inédito que dá corpo a um filme e a um livro.

O livro ‘’ET” é um livro de artista, com o texto original em francês e a tradução em inglês. O texto edita o diálogo do filme com o mesmo nome. Trata-se de um diálogo entre o Espaço e o Tempo.

No filme, o diálogo é interpretado em francês, por dois atores que protagonizam o espaço ‘’E’’ (voz masculina) e o tempo ‘’T’’ (voz feminina), tem também legendas em inglês.

O filme, que dura 18 minutos, apresenta imagens filmadas em dois locais distintos: a fortaleza de Sagres com a rosa-dos-ventos, em Portugal, e o pêndulo de Foucault e outros instrumentos científicos que serviam para calcular o tempo, o ar, a humidade (…), no Museu de Artes e Ofícios, em Paris. Entre arte e ciência o filme trata de (simultaneidade entre as possíveis representações do espaço e do tempo).