Gadanheiro

, 1945

Júlio Pomar

Óleo sobre aglomerado de madeira

122 × 83 cm
assinado e datado
Inv. 2347
Historial
Adquirido pelo Estado a Manuel de Brito em 1995.

Exposições
Évora, 1945, 64; Lisboa, 1945, 64; Porto, 1946, s.p; Brasília, 1976, 53, p.b.; São Paulo, 1976, 53, p.b.; Rio de Janeiro, 1976, 53, p.b.; Lisboa, 1978, 2, p.b.; Porto, 1978, 2, p.b.; Bruxelas, 1978, 2, p.b.; Paris, 1981, 17, p.b.; Lisboa, 1982, 91, p.b.; Brasília, 1986, 23, cor; São Paulo, 1986, 23, cor; Rio de Janeiro, 1986, 23, cor; Lisboa, 1986, 23, cor; Évora, 1986, 15, p.b.; Coimbra, 2001, cor; Castelo Branco, 2002, 61, cor; Lisboa, 2002; Sintra, 2004, 125, cor; Lisboa, 2006; Lisboa, 2006; Vila Franca de Xira, 2007, 39, cor; Lisboa, 2008; Lisboa, 2009; Lisboa, 2010; Lisboa, 2010.

Bibliografia
IX Missão Estética de Férias em Évora, 1945, 64; Primeiro Salão de Primavera, 1946, s.p; SOUSA, 1965, 14; Arte Portuguesa Contemporânea, 1976, 53, p.b.; Júlio Pomar: Pintura, Escultura (…), 1978, 2, p.b.; SILVA, 1980, 53, p.b.; Júlio Pomar, 1981, 17, p.b.; Os Anos 40 na Arte Portuguesa, 1982, 86, 91, p.b.; Pomar, 1986, 1, 23, cor; Alentejo na Arte Portuguesa Contemporânea, 15, p.b., 1986; GONÇALVES, 1986, 28, cor; GONÇALVES, 1986, 48, 49, 135, cor; DIONÍSIO, 1990, 67-68, 77, 286 cor; ROSENGARTEN, 1990, 53, cor; GONÇALVES, 1992, 35, cor; COSTA, 1993, 31; SILVA, 1995, 398-99; GONÇALVES, 1999, 147; Pintura Portuguesa Séc. XX, 2001, cor; MORAIS (et al.), 2001, 95, cor; Figuração e Abstracção nas Colecções (…), 2002, 12, 19, 60-61, cor; Júlio Pomar, 2004, 125, cor; Uma Arte do Povo, pelo Povo e para o Povo (…), 2007, 39, cor; PINHRANDA, 2009, 109, cor.



O Gadanheiro, realizado em Évora na IX Missão Estética de Férias (iniciativas criadas pela SNBA e dirigidas por Dordio Gomes), é uma das pinturas inaugurais do Movimento Neo-Realista português, em ruptura com o panorama artístico e conservador da década de 40. O Modernismo interroga as suas possibilidades políticas no mundo português subjugado pelo fascismo e a pintura de Júlio Pomar terá sido a que mais profunda e consequentemente o fez. Partindo das diversas assunções dos Realismos das décadas de 30 e 40, sobretudo no contexto americano, encontrou diferentes possibilidades de produzir uma arte revolucionária e moderna. Em o Gadanheiro o ponto de vista do olhar do observador situa-se próximo do gadanho, que constitui o motivo central da pintura, enquanto que o corpo do trabalhador se distende expressivamente para os extremos da tela, desfigurando as proporções da mão e da perna. Estas distorções – valoradas em várias obras do Movimento Neo-Realista, de forma a realçar a instrumentalização do corpo pelo trabalho – remetem para referências internacionais de diversas proveniências, que vão da pintura de Cândido Portinari, no Brasil, recorrem curiosamente a um esquema de iluminação característico do cinema expressionista alemão e encontram na pintura realista de Thomas Hart Benton, nos eua do período da depressão, a sua mais directa relação. Esta manifesta-se no esquema cromático e sobretudo no movimento ondulante de toda a composição. A globalidade destes aspectos contribui para problematizar dinamicamente estes signos como informantes sociais, sobre a figura do Gadanheiro. Nesta pintura inscreve-se vigorosamente a noção de força de trabalho, aliada a uma forte consciência social, que liga uma posição estética à oposição política.

Pedro Lapa